Introdução

O conceito de “energia” pode soar estranho para nós, ocidentais, educados e condicionados a reconhecer exclusivamente os elementos tangíveis e mensuráveis da realidade.

Essa visão estreita tem sido questionada por inúmeras descobertas e evidências em diversos campos do saber. Por exemplo: quase 70% do Universo é composto por energia escura. A matéria comum, que constitui as galáxias, estrelas, planetas, gás e poeira cósmica e os seres vivos, corresponde a menos de 5% do Universo. Já no nível micro, os átomos – elementos constitutivos da matéria – longe de se caracterizarem como partículas sólidas, têm o vazio ocupando 99,99% do seu espaço.

Albert Einstein e a sua descoberta da física quântica atestaram o fato de que nossos corpos são compostos de campos de energia. Ele explicou que “a massa e a energia são duas manifestações diferentes do mesmo – uma conceção pouco familiar para a mente média”.

Entretanto, tal entendimento permanece distante da forma de se ver a realidade, porque tudo aquilo que transcende a unidimensionalidade preconizada pelas ideologias materialistas sofre forte resistência e é continuamente desqualificado.

Uma das estratégias utilizadas para se depreciar qualquer descoberta que extrapola as fronteiras instituídas pelo pensamento hegemônico é imaginar que o ceticismo seja evidência de uma mente bem treinada.

Difundiu-se, nos meios acadêmicos, a noção de que uma atitude científica requer que o indivíduo seja indiscriminadamente cético, desprezando a priori tudo aquilo que não é corroborado pelo pensamento hegemônico.

Descartar antecipadamente o que não se encaixa nas verdades estabelecidas jamais pode ser considerado atitude científica. Afinal, verdades científicas sempre foram e serão provisórias. A atitude verdadeiramente científica consiste em pesquisar, explorar o novo e desconhecido, sem apego a quaisquer certezas definitivas. Ceticismo não é prova de inteligência, nem é uma atitude científica.

Ao nos defrontarmos com uma técnica tão simples, diferente e revolucionária como o código da emoção, é oportuno nos recordarmos das palavras de William Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”. Se adotarmos essa atitude de humildade e curiosidade, seremos capazes de reconhecer que o Universo, a vida e o próprio ser humano são infinitamente mais complexos do que fomos capazes de entender até agora.

Conceitos preliminares

A separação entre o físico e o psíquico ainda predomina no enfoque biomédico da medicina ocidental, que delimita algumas doenças específicas como sendo “psicossomáticas”. Todas as demais, ou seja, a maioria das doenças, são entendidas como sendo exclusivamente somáticas.

Essa premissa repercute fortemente sobre os recursos terapêuticos legitimados e adotados pelos médicos alopatas. As opções restringem-se, em linhas gerais, ao uso de medicamentos sintéticos, a tratamentos cirúrgicos e, eventualmente, a recomendações de mudanças no estilo de vida.

A experiência clínica leva à conclusão de que todas as doenças são psicossomáticas. Tudo aquilo que afeta o corpo afeta também a psique, e tudo aquilo que perturba o equilíbrio emocional e mental repercute-se sobre o corpo. Por exemplo: há uma relação direta entre a dor física e depressão e que ocorre em ambas as direções – fato esse bem conhecido pelos médicos. Pacientes com dor crônica frequentemente evoluem para quadros de depressão e pacientes deprimidos tendem a ter uma intensificação de suas dores.

Consideremos outro exemplo que mostra uma situação extrema: uma pessoa sofre uma queda e tem uma fratura exposta no braço. Pode-se dizer que não houve qualquer fator psíquico que tenha desencadeado esse fato. Mas o que ocorre no instante em que ela se acidenta, sente a dor e observa o seu osso fraturado?

Certamente diversas emoções serão acionadas numa questão de segundos e outras tantas serão vivenciadas ao longo das horas e dos dias seguintes, quando a pessoa estiver a lidar com as consequências do trauma físico sofrido. Essas emoções estão energeticamente associadas ao evento.

É bastante provável que ao se relembrar desse fato e de seus desdobramentos, a pessoa volte a ter emoções e/ou pensamentos como medo, frustração, tristeza, raiva, vergonha, ansiedade, insegurança, horror, angústia, etc. Portanto, mesmo um agravo estritamente físico pode estar interligado a emoções de forma indissociável.

É evidente que uma fratura óssea exposta precisa ser tratada com cirurgia e medicamentos. O sucesso desse tratamento, entretanto, não significa que a carga emocional desencadeada pelo evento tenha sido adequadamente processada e liberada.

Diariamente, cada um de nós pode vivenciar muitas emoções. E emoções são uma forma de energia. O corpo também é energia, mas de natureza distinta. Essas energias interagem e afetam-se mutuamente.

A grande maioria das emoções vivenciadas são processadas naturalmente pelo organismo. No entanto, algumas vezes não conseguimos processar adequadamente determinadas emoções, seja devido à sua intensidade, ao seu caráter abrupto ou à sua repetição ao longo do tempo. Assim, a energia dessas emoções permanece aprisionada no organismo, podendo desencadear consequências físicas e/ou psíquicas, a curto, médio e longo prazo.

Entende-se por cura energética o conjunto de práticas holísticas não invasivas que manipulam, canalizam e equilibram as energias do ser humano, com o intuito de manter mente, corpo e espírito o mais saudáveis e ancorados possível. Mas, embora o objetivo central das técnicas de cura energética seja manter e restaurar o fluxo de energia do corpo, comumente o que se enfatiza é a resolução de condições psicológicas e/ou enfermidades físicas.

De modo geral, as técnicas de cura energética baseiam-se na compreensão de que cada aspecto do ser humano (matéria e energia, corpo e espírito, mente consciente e subconsciente) está intimamente conectado aos demais e de que a promoção do equilíbrio e reconexão entre essas dimensões gera saúde e bem-estar.

A história da cura energética e das suas práticas remonta a 5.000 anos atrás. Os antigos hindus referiam-se a uma energia singular e universal que alimentava todas as fontes de vida, a qual denominavam de Prana, ou sopro de vida.

Os chineses referiram-se a uma energia semelhante, chamada Qi, composta por duas forças polares, yin e yang, que constituem e fluem através do corpo e, quando devidamente equilibradas, criam saúde ideal. Antigas práticas, como a acupuntura, trabalham para equilibrar as polaridades yin e yang do corpo.

No Ocidente, o psiquiatra, psicanalista, biólogo e físico Wilhelm Reich (1897-1957) realizou pesquisas sobre uma energia universal que ele chamou de orgônio. Os seus estudos sobre a correlação entre o fluxo de orgone e as doenças mentais e físicas destacaram o poder de se libertar bloqueios de energia ou “emoções presas”.

Fundamentos do código da emoção

Entre os diversos métodos de cura energética, o código da emoção chama a atenção pela sua simplicidade, eficácia, profundidade e elegância. Ele permite identificar quais emoções específicas estão presas no sistema do indivíduo e liberá-las rapidamente, uma a uma.

Desenvolvido pelo quiroprata e terapeuta holístico estadunidense Bradley Nelson, o código da emoção incorpora conhecimentos e práticas oriundos de diferentes fontes em um método integrado e coerente.

 

6 conceitos fundamentais desta técnica:

As emoções, a mente subconsciente, o teste muscular, o fluxo de energia, a intenção e a energia magnética.

1 – Emoções: segundo o Dr. Bradley Nelson, emoções são inerentes ao que significa ser humano, e proveem motivação, direção e comunicação oriunda do corpo e da consciência (ou eu superior).

Elas são geradas pelo organismo com base em dois critérios: no que está sendo vivenciado no momento e nas informações alojadas no corpo e mente a partir de experiências passadas.

As emoções são vibrações de pura energia, sendo que cada uma delas possui sua frequência vibracional singular.

Quando se experimenta uma emoção, ocorrem três fenômenos: (1) o corpo gera a vibração emocional, (2) a pessoa começa a sentir a emoção e quaisquer pensamentos ou sensações corpóreas que a acompanham e (3) a pessoa escolhe deixar a emoção fluir e passar (após alguns segundos ou vários minutos) e segue adiante.

Caso a segunda ou terceira etapa sejam interrompidas, a experiência emocional permanece incompleta e é provável que a energia da emoção se mantenha presa no corpo.

“Emoções presas” é uma expressão comumente usada para descrever quaisquer energias inconscientes resultantes de eventos emocionais intensos ou traumáticos que não foram totalmente processadas e libertadas do corpo e/ou da mente.

A energia das emoções aprisionadas pode causar mal-estar, desconforto físico, sofrimento psíquico e mudanças psicológicas. Com o tempo, essa energia emocional bloqueada pode afetar órgãos, glândulas e tecidos e evoluir para sintomas físicos e doenças orgânicas.

Algumas técnicas de cura energética permitem identificar, processar e extinguir essas emoções, restaurando um sistema saudável e equilibrado.

É possível afirmar que todo ser humano possui emoções presas, porque cada um já viveu experiências difíceis em sua vida. Segundo a experiência do Dr. Bradley Nelson, a maioria das pessoas tem uma média de 350 emoções presas.

Até mesmo um “dia ruim”, uma fase sobrecarregada por desafios ou o declínio da saúde física podem gerar emoções presas. Situações como divórcio, dificuldades financeiras, estresse prolongado, luto, aborto, traumas físicos ou emocionais, sentimentos negativos a respeito de si mesmo ou de outros, abandono e rejeição comumente dão origem a emoções presas.

Mesmo que a pessoa não costume pensar na situação geradora ou sequer se recorde dela, essa carga emocional pode afeta-la tanto mental quanto fisicamente.

2 – Subconsciente: a mente humana apresenta uma dimensão consciente, que é utilizada para organizar as tarefas cotidianas, analisar racionalmente as alternativas e tomar decisões operacionais.

Mas a porção mais complexa e potente da mente é o subconsciente, responsável por controlar todos os processos fisiológicos e metabólicos do organismo e manter sua homeostase, registar as experiências vivenciadas, produzir sonhos, etc.

Estima-se que, a cada segundo, o consciente é capaz de processar 40 bytes de informação, enquanto o subconsciente processa 40 milhões de bytes.

Quando dormimos, a mente consciente está desligada, mas o subconsciente mantém em pleno funcionamento os batimentos cardíacos, a respiração, os processos digestórios e excretórios e a produção de células, hormônios e enzimas.

Além disso, o subconsciente tem a capacidade de armazenar vastas quantidades de informações, incluindo perceções dos sentidos físicos, sensações corporais, emoções, pensamentos e crenças, de forma a compor um meticuloso registro da nossa vida.

Entretanto, as informações armazenadas no subconsciente não estão isoladas e desconectadas do nosso dia a dia. Pelo contrário, frequentemente exercem forte influência sobre as atitudes, reações e diálogos internos, mesmo que o sujeito não se aperceba desse fato.

3 – Teste muscular: há cerca de 80 anos, a cinesiologia estuda o “teste muscular”, uma forma de biofeedback que permite obter informações do subconsciente.

De maneira bem simplificada, pode-se dizer que, sempre que uma pessoa fala a verdade ou faz uma afirmação de caráter positivo, o seu tônus muscular expressa maior força. Por outro lado, se ela mente, fala algo negativo ou pensa em algo desagradável, ao se testar o mesmo músculo com a mesma pressão, percebe-se que ele apresenta menos força e resistência.

Desse modo, é possível se comunicar com o subconsciente (o seu próprio ou de seu paciente), fazendo perguntas ou afirmativas cujas respostas sejam “sim” ou “não” e testando-se o tônus de determinado músculo do sujeito. Esse mesmo princípio é aplicado no polígrafo, conhecido como detetor de mentiras.

4 – Fluxo de energia através dos meridianos: esse fundamento provém da medicina tradicional chinesa, que estuda o fluxo de energia no corpo humano, que ocorre através de meridianos. Meridianos são canais não-físicos que percorrem o organismo inteiro e interconectam energeticamente órgãos, glândulas, membros e sistemas.

Esse conhecimento é utilizado há milênios na acupuntura, bem como por métodos mais recentes, como o TFT (thought field therapy) e o EFT (emotional freedom technique), também denominado de tapping.

No caso do código da emoção, a liberação de emoções presas se dá pela passagem de um ímã superposto ao trajeto do “vaso governador”. Esse meridiano, que é um importante reservatório de energia, tem início no cóccix, percorre a coluna vertebral, passa pela linha mediana do crânio e da face e termina logo abaixo do nariz.

5 – Intenção: o poder da intenção é um elemento essencial para o sucesso de qualquer método de cura energética, já que a própria intenção é, também, uma forma de energia.

Trata-se de alinhar a mente, o coração, o corpo e o espírito, com o propósito de libertar a emoção, mesmo que não se entenda como isso irá ocorrer. É focar a atenção e a vontade no objetivo almejado e acreditar que o mesmo será alcançado, ainda que não se saiba como.

Não se trata de fé cega, mas, sim, de abertura e disposição para descobrir os poderes de autocura que todo ser humano possui, ao invés de cultivar a incerteza, desconfiança e medo.

6 – Energia magnética: nosso corpo gera atividade elétrica continuamente, como acontece, por exemplo, com os impulsos que percorrem o sistema nervoso, os batimentos cardíacos e os processos eletroquímicos que ocorrem em todas as células.

Segundo as leis da física, sempre que uma atividade elétrica é gerada, forma-se um campo magnético correspondente.

Embora a medicina ocidental reconheça a existência do campo eletromagnético do corpo humano, seus estudos foram maioritariamente direcionados ao componente elétrico do campo, medido por exames como o eletrocardiograma e o eletroencefalograma.

Já o componente magnético do campo foi pouco estudado, embora ímãs sejam utilizados em diversas culturas do mundo no tratamento de problemas de saúde.

No código da emoção, o ímã é empregue como fonte de energia magnética, com o propósito de amplificar a energia da intenção.

A aplicação do código da emoção

A maioria dos pacientes traz uma questão específica que deseja trabalhar por meio da aplicação dessa técnica, como por exemplo traumas, memórias ou pensamentos recorrentes, dificuldades em um relacionamento (com o cônjuge, pais, filhos, chefe ou colegas de trabalho), desafios em um campo da vida (profissão, finanças, sexualidade, perda do sentido existencial), sintomas (dores, reações alérgicas, insônia, etc.) ou sentimentos perturbadores (medo, tristeza, raiva, fracasso, vergonha, ansiedade, culpa, traição, etc.).

O terapeuta então, através do teste muscular, vai identificar que emoções estão associadas àquele problema. Isso é possível em questão de segundos, graças à tabela elaborada pelo Dr. Bradley Nelson, na qual 60 das principais emoções humanas estão organizadas em duas colunas (A e B), cada qual subdividida em seis linhas.

Uma vez identificada a emoção, pede-se autorização do subconsciente para que a mesma seja liberada.

O teste muscular indica, às vezes, a necessidade de se obter alguma informação adicional sobre a emoção a ser liberada. Por exemplo: a idade ou circunstância em que a mesma foi gerada.

Algumas vezes o paciente é surpreendido por situações de que não se recordava ou que hoje lhe parecem sem qualquer importância. Um exemplo típico são eventos ocorridos na infância e que, interpretados sob o olhar do adulto, parecem banais.

Entretanto, mesmo que racionalmente a pessoa tenha se convencido de que aquele evento já passou, a emoção gerada na época permaneceu presa e está registada no seu subconsciente.

Cada emoção é identificada e libertada individualmente. Em uma sessão típica de código da emoção, podem-se liberar de quatro a 10 emoções, uma de cada vez. Às vezes, a sensação de bem-estar é imediata e, noutras, o paciente não nota uma grande mudança tão prontamente.

Embora não seja algo frequente, pode ocorrer que a recordação da emoção ou da circunstância vivenciada gere desconforto para o paciente. Na maioria dos casos, a libertação da emoção presa faz cessar imediatamente a perturbação.

Caso ainda persista, é sinal de que há outras emoções presas geradas pela mesma situação. Uma vez que essas também sejam libertadas, o paciente relata uma sensação de leveza, bem-estar e tranquilidade.

Por outro lado, como a identificação das emoções a serem libertadas é mediada pelo subconsciente, não há necessidade de o terapeuta ser informado de quaisquer detalhes sobre a circunstância que as gerou.

A título de exemplo, pode-se citar um caso registado em que a paciente solicitou a libertação de emoções associadas a “um evento ocorrido na adolescência”, sem nenhuma informação adicional. Durante aquela sessão, oito emoções foram identificadas através do teste muscular, sendo todas reconhecidas como verdadeiras pela paciente, o que resultou em significativa redução de seu sofrimento ao pensar no evento.

O processo terapêutico propiciado pelo código da emoção vai eliminando a pesada e dolorosa carga emocional associada a memórias, situações e relacionamentos e segundo os inúmeros relatos de pacientes sujeitos a esta terapia, a vida vai se tornando mais leve.

 

Dr. Feizi Milani – Médico, doutor em Saúde Pública pela UFBA – Universidade Federal da Bahia, terapeuta sistêmico, escritor, palestrante, professor da UNEB – Universidade do Estado da Bahia e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e fundador do INPAZ – Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos Humanos.

 

Referências bibliográficas

Nelson, Bradley. The Emotion Code: How to Release Your Trapped Emotions for Abundant Health, Love, and Happiness. Wellness Unmasked Publishing, june, 2007.

Nelson, Bradley. Discover Energy Healing with The Emotion Code®. Disponível em https://discoverhealing.com. Acessado em 31 ago, 2022.