Quanto mais conscientes e em contacto com a nossa vida interior, mais a Astrologia nos oferece, não surpresas divinatórias ou um modo de manipular o destino, mas sim um meio extraordinário de se conhecer e de identificar as fases e oportunidades de evolução, de crescimento e transformação pessoal.

A Astrologia é uma linguagem sagrada, simbólica, que usa o simbolismo do nosso sistema solar para espelhar o sistema solar que há em nós, as mesmas energias que estão fora também estão dentro. Quando olhamos o Sol ou a Lua numa mandala astrológica é do Sol e da Lua em nós que se trata e não dos luminares em si.

Os planetas e todos os aspetos astrológicos são apenas uma forma de aferir o que se passa energeticamente dentro de nós, num evento ou na sociedade. Todos temos em nós um Universo interno, todos temos um sistema planetário que ressoa de acordo com a nossa energia e com a forma com nos posicionamos na vida.

Num mapa astrológico pessoal está tudo o que fomos, o que somos e o que poderemos vir a ser. Tudo isso está bem marcado e bem definido pela hora, dia ano e local de nascimento que corresponde a um preciso posicionamento de planetas, casas e signos. Apesar do rigor levado ao segundo desses posicionamentos no mapa, a interpretação que podemos fazer dele, depende exclusivamente da capacidade e vivência de quem o interpreta.

O mapa astrológico é simbolicamente um Universo de informação, o Universo contido em nós. Nele está tudo o que conseguimos ver e até o que queremos ver, limitado ou expandido pelo grau de consciência que temos da vida. Se quem interpreta tiver uma visão mundana da vida, muito ligada à matéria e à mente, vai conseguir ver tudo dessa forma, porque na verdade tudo isso também está lá, o que não quer dizer que seja o mais evolutivo. Entramos numa interpretação fechada em si mesma, condicionada pela mente e pela ilusão do ego que nos faz viver condicionados, confinados numa primeira fase do mapa e da vida que corresponde à experiência básica da existência, ao confronto e ao espelhamento do que somos nessa fase inicial.

Parte-se de uma aceitação do mapa que justifica a personalidade com todos os vícios e virtudes do qual se retiram apenas justificações para se ser quem se julga ser, perdendo-se por completo a perspetiva do desafio que cada aspecto, que cada trânsito representa para a sua evolução. Apesar do impacto que os trânsitos astrológicos têm na vida e no dia a dia, eles trazem sempre consigo, sinais fundamentais dessa perspetiva evolutiva que quase sempre são ignorados ou não percecionados.

Os trânsitos passam, os apelos que eles nos provocam são aliviados, mas não esquecidos se não forem cumpridos. Mais tarde ou mais cedo seremos confrontados de novo, num ciclo crescente de intensidade, principalmente os que derivam de planetas transpessoais e sociais. Por isso o mais comum é sentimos com a idade o peso do tempo, a intensidade da dor e a impotência perante a vida se não nos alinharmos com ela. Tudo acontece num tempo certo para cada um de nós.

A partir da experiência de vida que corresponde aos desafios iniciais do mapa, teremos de transcender e elevar o mesmo mapa a um nível de consciência superior, onde nos devemos ligar com os princípios primordiais da Alma.

Por exemplo:

Um Marte demasiado reativo e compulsivo no início de vida pode transformar-se num Marte empreendedor, imaginativo e impulsionador se for feito um trabalho de transmutação e aceitação dos elementos emocionais e transpessoais presentes no mapa. Se esse trabalho não for feito a tendência é que as características da personalidade afetas a esse Marte, se agravem com o passar do tempo para que pela experiência a pessoa possa adquirir consciência do seu processo.

Um Marte que passa a servir um propósito do Sol elevado e de uma Lua emocionalmente resolvida, de uma Vénus amorosa que já descobriu o amor incondicional. Esse é um Marte maravilhoso, pois é ele que faz, é ele que inicia tudo, é a partir dele que tudo se começa.

Se quem interpreta tiver uma visão evolutiva, irá procurar elementos que levem a transcendê-lo. – Não fico agarrado ao que sou, mas sim ao que posso vir a ser. Isto porque o mapa astrológico é um ciclo de oportunidades evolutivas que nós aproveitamos ou não. Daí a importância de uma leitura astrológica para que tomemos consciência do que estamos a passar e para onde nos encaminhamos, de acordo com o que vivemos até aí.

As oportunidades de despertar, de transmutar ou de aceitar, estão expressas nos trânsitos que percorrem o nosso mapa natal durante toda a vida, saber interpretá-los é apenas para quem sabe astrologia, mas senti-los todos sentem, sentem o apelo, o desconforto, a tristeza, a alegria, a coragem, a necessidade de mudar algo.

Os trânsitos astrológicos geram constantemente apelos da alma, é como se eles nos dessem a oportunidade de percecionar através da nossa vivência, uma verdade oculta. São sinais da alma, do nosso propósito a querer “falar” connosco.

Temos em cada vida, oportunidade de experienciar os desafios da matéria, de nos relacionarmos, de viver os confrontos da dualidade. É nos dado tempo para ter contacto com tudo o que for necessário para a partir dessa experiência, pudermos vislumbrar o nosso rumo, o nosso desígnio, ele vai exigir mudança, vai pedir novas escolhas, novas estruturas, novos rumos.

Quanto mais procuramos os sinais evolutivos do simbolismo astrológico, mais impacto positivo eles têm na nossa jornada, quanto mais aceitamos o que eles nos pedem, mais serenos serão os trânsitos supostamente tensos e desafiadores.

Não há mapas astrológicos bons nem maus, cada um de nós tem o mapa que precisa para vir resolver o seu caso, o seu propósito. Entendê-lo apenas como uma forma de evitar coisas más e aproveitar as boas, é como ter o mundo à nossa mercê e só querermos conhecer o nosso bairro. Ele é muito mais que isso, é tudo o que fomos, somos e seremos a partir das escolhas que fazemos.

Achar que a astrologia é adivinhação e se baseia, em banalidades e factos não credíveis, é desconhecer e perder a oportunidade incrível que ela nos dá de nos posicionarmos na vida e de nos conhecermos.

As origens da Astrologia remontam a 4000 anos a.C. A sua evolução tem acompanhado a evolução da humanidade, o que lhe dá uma estrutura e uma base que mais nenhuma área do conhecimento tem. Ela assenta na observação e na experimentação de tudo o que nos rodeia.

O que está a acontecer neste ano de 2020, estava referenciado à muitos anos pelos astrólogos, afirmando que, de acordo com a conjuntura astrológica, algo iria surgir, algo de impactante mudaria as nossas vidas. Não por adivinhação, mas sim pela constatação histórica de acontecimentos similares tendo em conta as características astrológicas dos planetas e posicionamentos envolvidos.

Com o Planeta Úrano a transitar o signo de Touro desde maio de 2018 a abril de 2026, vivemos um período de grandes inovações tecnológicas e reformulação e organização dos valores da sociedade. Entre outros trânsitos que acrescem, o que temos estado a assistir e o que ainda nos espera, é um sinal da nova Era de Aquário, que por enquanto e durante muitos anos ainda, coabitará com os valores da Era de Peixes.

A Astrologia que é regida por Úrano, está e irá sentir também essa necessidade imposta pelos valores emergentes, as pessoas passarão a exigir mais, a querer respostas que tragam Luz às suas vidas e não a penumbra e a redundância ilusória dos valores do ego e da materialidade.

Só a Astrologia baseada num propósito, a que leva à verdade profunda da existência, é livre de preconceitos que estão presentes em tantas áreas das nossas vidas. Ela, a astrologia é apanhada nesse turbilhão, tal como tantas outras coisas que ficam submersas e condicionadas ao ego e às necessidades materialistas da sociedade.

A Astrologia é e cada vez mais, será uma ferramenta fundamental para a sociedade e para o ser humano se descobrir. Ela não precisa ser descoberta, só precisa que o Homem se encontre para que ele encontre a Astrologia.

Isto é Era de Aquário.

Carlos Dionísio

24/7/2020 8 minutos