É deste encontrou ou reencontro que vislumbramos o desígnio da nossa passagem por aqui.

De uma forma geral, numa primeira fase de vida, somos nós a querer mais dela. Seguimos mais o nosso ego do que a nossa intuição . Seguimos com o nosso querer sempre convencidos de que o que fazemos é certo. É legítimo, e até pode ser que assim seja, se isso trouxer paz e harmonia às nossas vidas, ao nosso dia a dia. O mais comum é seguirmos esse percurso e recebermos constantemente os sinais de que não é isso que a vida quer de nós, e simplesmente ignoramos e seguimos em frente como se nada fosse. Insistimos no que queremos da vida sem ouvir o que a vida nos pede.

Quando vivenciamos desconforto, descontentamento, desarmonia, conflito etc, de uma forma persistente, dia a dia, mês a mês, ano a ano, no trabalho, nas relações e nos acontecimentos em geral, isso são sinais evidentes de que não estamos no rumo certo. Na generalidade dos casos, ignoramos, continuamos focados naquilo que queremos da vida de acordo com os padrões. Mesmo sem uma manifestação física de sofrimento, as pessoas já estão a sofrer e nada fazem, mas suportam  porque o ego a s impele a continuar ou aceitar, resignando-se.

Sofrimento é sempre sofrimento, mas ele pode manifestar-se em muitos graus.

Alguém que passa, por exemplo, anos consecutivos a sofrer todos os dias por ter de enfrentar uma determinada situação, de trabalho, de relação, não faz nada para alterar isso, e assim que fica doente, tenta curar-se? Porque tem medo de sofrer? De morrer? Não. Não faz nada para mudar porque esse sofrimento não é o limite, por isso suportável, é um grau mais suave de sofrimento que vai contaminado o futuro, mas não deixa de ser um sinal que a não ser atendido como aviso, o pode levar a estados mais graves de sofrimento. 

Por vezes a distância entre o que queremos e o que a vida nos pede é tão grande que nunca se encontram, por isso vimos uma e outra vez  repetir o processo.

Há uma escala de dor que a vida nos inflige. Ela vai aumentando à medida que o tempo passa sem despertarmos para o tal reencontro, para uns é mais urgente, para outros mais espaçado no tempo, depende do estado evolutivo e do que vimos resolver nesta vida. 

Nos graus mais baixos de sofrimento, quase sempre está nas nossas mãos a resolução ou cura para nos libertarmos. Tomando o exemplo a cima descrito, mudar de emprego ou de relação, será sempre uma opção, sair desse sofrimento resume-se apenas a mudar de atitude ou de mentalidade, ao contrário dos estados mais graves de sofrimento, infligidos por exemplo, por uma doença ou acidente, que nos fragiliza e nos deixa muito dependentes.

Todos nós temos ao longo da vida de passar por situações de sofrimento, ninguém é imune, o que estamos a falar não é de evitar todo sofrimento, porque ele é inevitável, mas sim vive-lo com consciência do seu significado, sabendo que ele faz parte do nosso processo evolutivo. 

Os estados de fragilização, de retiro, de introspeção, de solidão proporcionados pela dor e sofrimento mais profundos, obrigam-nos a “sair do cenário” para que dessa forma tenhamos a oportunidade de rever atentamente o nosso processo e ciclo de vida até aí. Infelizmente o mais comum, é passar-se por essas situações e não se conseguir fazer a relação entre as duas coisas, achando sempre que é um infortúnio, um azar na vida. Nunca é. Qualquer situação que traga algum grau de sofrimento é sempre um indicador de algo que não estamos a fazer bem, que há algo que temos de mudar. Muitos perguntarão: Mas mudar o quê?

Mesmo que não consiga perceber logo o que mudar, comece a sua busca, questione-se todos os dias, observe-se, reveja a sua história, procure ajuda e conhecimento, nunca desista. O facto de começar a procurar já faz parte da sua mudança. O Universo sabe disso e vai-lhe devolver todos os sinais que precisar para que tenha sucesso. Fique atento e verá que mais tarde ou mais cedo, encontrará aí bem dentro de si, o que realmente a vida lhe pede. É Sempre tão simples, tão simples… mas difícil de alcançar, porque nesse processo você irá romper com as barreiras do seu carma. Por isso se requer, empenho, determinação e acima de tudo fé. A determinada altura terá a sensação de que sempre soube o que era, mas nada fez. Por fim terá sensação de caminhar em absoluta comunhão com o Universo, em plenitude, vendo a felicidade em cada ser, em cada olhar, em cada sorriso, em cada objeto, em cada situação, numa serenidade que vem de dentro de si. Muitas vezes este encontro resume-se apenas à pacificação perante a vida pela aceitação e entrega ao que é natural, assim e agora conseguirá ver a sua vida como ela realmente é, simples e leve.

Nem sempre aquilo que quer da vida é o que a vida espera de si! Mas a vida sabe esperar e dar-lhe-á todas as oportunidades para que um dia em consciência, saiba o que você podes dar à vida e o que ela lhe vai devolver.

É sempre melhor evoluir pela consciência, porque evoluir pelo sofrimento… dói 😊.

Carlos Dionísio

14/02/2019