Se entramos em pânico diante da ideia de deixar a pessoa que adoramos (o “objeto de nosso amor”), isso não tem a ver com nosso amor por essa pessoa, mas com o que ela representa. Ela atua como um refúgio de nosso medo da solidão, e, se não tivermos a certeza de que somos fortes e de que temos apoio, nem sempre nos imaginamos capazes de sobreviver sem essa pessoa. Esse sentimento é um legado dos dias em que realmente era impossível sobreviver sem outros indivíduos para nos alimentar e prover todas as nossas necessidades. Nós nos sentíamos fundidos àquelas pessoas que cuidavam de nós na infância. À medida que crescemos, desenvolvemos habilidades que nos permitem ficar separados, de maneira saudável, de nossos pais ou cuidadores; mas podemos também, sem perceber, entrar em relacionamentos que revivam aquela segurança, aquela fusão. Ficar solteiro não é garantia de sabedoria e maturidade. E estar em um relacionamento íntimo saudável pode nos ajudar a crescer e nos aprimorar como seres humanos. Esse relacionamento pode nos tornar mais tolerantes, compassivos, afetivos, amorosos, diplomáticos, mais confiantes. Ele pode nos fazer menos egoístas, menos voltados para nós mesmos, menos atemorizados. Encontrar alguém que compartilhe nossos sonhos, valores e planos de vida nos faz sentir imensamente compreendidos. Mas quem somos quando estamos realmente sozinhos? Essa é uma das grandes questões. É preciso coragem para nos libertar do encantamento da fusão, sentir-se “inteiro” e começar a vivenciar todas as coisas maravilhosas que podemos atingir quando estamos sós. Há inúmeras respostas a essa pergunta e elas podem mudar à medida que envelhecemos.

 

Lucy Beresford