Se tem de fazer faça AGORA, mas bem feito!
Não que tenha de ser perfeito, basta apenas que seja você e o momento, isso já é uma forma perfeita de SER.

 

Todos nós temos no nosso dia a dia de desempenhar tarefas, umas que gostamos e outras que fazemos apenas por obrigação ou por rotina. Infelizmente nos dias de hoje, acabamos por fazer mais por obrigação do que por prazer. A principal razão tem a ver com o facto da maioria das pessoas ter uma profissão de que não gosta. Na sociedade em que vivemos passamos grande parte do dia a realizar tarefas para outro, empresa ou patrão, em troca de um pagamento. Essa é a recompensa que esperamos por dar o nosso tempo, o que a meu ver é manifestamente pouco. Além disso temos de acrescentar todas as outras tarefas mais ou menos rotineiras que envolvem a vida fora do local de trabalho, tais como tarefas domésticas, organização do lar etc. Depois disso, das obrigações, lá sobra algum tempo de prazer para gastar o dinheiro amealhado, dedicar-se ao seu hobby preferido ou simplesmente para não fazer nada.

Posto isto é fácil chegar à conclusão de que na generalidade, ocupamos mais tempo com trabalho, rotinas e obrigações do que com momentos de prazer e relaxamento. Será legitimo por isso pensarmos um pouco na qualidade desse tempo e na forma como vivemos esses momentos. Como encaramos as rotinas? Como vivemos a expetativa e o momento de realização das tarefas chatas e aborrecidas? Qual a energia que transportamos para esses momentos? O que passa na sua mente durante esses afazeres? Como fica a sua concentração, o seu humor, a sua autoestima?

“VIVA O MOMENTO” – Esta expressão já se tornou um lugar-comum e é usada em múltiplas situações que raramente espelham a real profundidade que estas duas palavras encerram. Utiliza-se recorrentemente em situações prazerosas, incentivando as pessoas a usufruírem ao máximo desses momentos da vida. Aqui as interpretações são múltiplas, de acordo com a necessidade e vontade, cada um viverá esses momentos a seu belo prazer tentando “tirar o máximo”.
Viver bons momentos é fácil, mesmo que de formas erronias, será sempre mais fácil passar por momentos agradáveis do que por momentos de obrigação, rotina etc. O que é facto é que a expressão “Viva o Momento” é na sua génese para se aplicar a TODOS os momentos e não só os supostamente bons.

Viver no Agora, no Momento, implica consciencia sobre o que está a acontecer connosco em cada instante. Por exemplo, quando realizamos uma tarefa simples como lavar loiça, onde está o nosso pensamento durante esses instantes? Estamos a pensar na tarefa em si ou aproveitamos para fazer uma lista mental de compras para o dia seguinte? Ou será que estamos a ruminar sobre um problema ou situação que ocorreu no trabalho nesse dia? Preocupados com algo? Enfim, quase sempre se utilizam essas tarefas para deixar divagar a mente e isso afasta-nos do momento porque nos leva, ou para algo do passado ou algo que ainda não aconteceu. A energia, a intensidade que pomos nesse instante está corrompida pelos pensamentos e emoções que temos e que nada têm a ver com o que estamos realmente a fazer. Isto é estar fora do Agora, é não estar consciente.

Parece que não é relevante, é apenas lavar loiça, mas é de extrema importância, pois esse momento também faz parte da sua vida tal como o momento em que pela primeira vez teve o seu filho nos braços. Estar presente nesse momento de felicidade é fácil, você está lá totalmente de corpo e alma, o difícil é estar enquanto lava a loiça. Da mesma forma quando se vive um momento de perda ou de dor, é “fácil” viver isso intensamente porque há uma entrega, não há como fugir, devemos aceitar esse momento e vivê-lo o mais conscientemente possível. A vida é um todo, a mente humana é que tem a necessidade de catalogar tudo.

Todos os momentos perfazem a sua Vida.

Já passamos por situações em que o tempo passa e nem damos conta, esse é o principal indicador de que estivemos realmente envolvidos com esses momentos e quando isso acontece “o tempo pára”. Na verdade, apenas temos essa sensação de leveza, de prazer como se o tempo tivesse peso e durante esses instantes não o sentíssemos.

Então qual a importância de estar presente a cada momento? A importância reside no facto de o ser humano negligenciar constantemente o presente, em prole do passado factual e das expetativas do futuro. Passamos quase a totalidade do nosso tempo com a mente deslocada para esses dois extremos sobre os quais não temos poder algum. O nosso poder ou capacidade de alterar algo reside apenas no presente. Agora é que podemos fazer algo e esse algo é apenas estar, ser, observar. O nosso poder sobre o Agora é enorme, é algo que nos foi conferido pelo Universo e que teimamos em negar, em não acreditar. Esse poder é capaz de mudar tudo na nossa vida. Viver cada momento integralmente coloca nas nossas mãos as rédeas do nosso destino, literalmente. Custa a acreditar, não é? Algo que parece tão simples, tão insignificante, ser assim tão poderoso e impactante na nossa vida.

Assim sendo, podemos concluir que o estado em que estamos agora é o resultado de momentos vividos lá atrás, das decisões que tomamos da forma como vivemos os tais momentos uns após outros. Diria para simplificar e para não fugir ao tema, que quem agora sofre, vive estados de tristeza, infelicidade, etc. é porque lá atrás não fez o certo. Tomemos isso como um forte indicador para aceitar que há algo de diferente a fazer Agora, daqui para a frente. Estamos sempre a tempo de mudar, até um dia. Para quem não consegue perceber onde errou, pode sempre procurar ajuda, pois há razões profundas que fogem ao nosso entendimento mental e ao nosso ego.

Voltando às tarefas – tudo é uma questão de treino, acredito que seja muito difícil para a maioria das pessoas por exemplo, saborear uma refeição sem pensar em algo que não seja o sabor ou aromas que está a sentir, ir ao volante sem pensar no que vai fazer para o jantar ou como vai organizar o dia de amanhã, estar numa aula a fazer um esforço imenso de concentração e a mente teima em ir sabe-se lá para onde, acordar de manhã e lembrar do monte de coisas chatas para fazer no trabalho em vez de se focar no ótimo banho que vai tomar e no maravilhoso pequeno almoço que vai preparar, etc, etc, etc. São apenas alguns exemplos para que você possa identificar outras situações.

Soluções, ou dicas? Penso que não será necessário, cabe a cada um encontrar a forma de contrariar a sua mente escapista. Use a sua imaginação para transformar o chato em agradável, afinal é tudo uma questão de mentalização. Fixe apenas o seguinte: a forma amorosa, gratificante e feliz, como encara os seus afazeres, todos eles sem exceção, define como será a sua vida futura, aquilo que vai atrair para si estará em sintonia com sua essência. Confie, faça apenas essa parte, a sua, o Universo se encarregará do resto.

Se tem de fazer faça AGORA, mas bem feito! Não que tenha de ser perfeito, basta apenas que seja você e o momento, isso já é uma forma perfeita de SER.

Namastê
Carlos Dionísio