Ao longo de um ciclo de vida todos deparamos com pessoas e com situações que nos causam algum desagrado, desconforto ou até sofrimento. Já se perguntou o porquê? Porque é que fica ansiosa cada vês que é chamada ao gabinete do seu chefe? Porque é que sente aquela repulsa cada vez que tem de falar com determinada pessoa? Porque fica imediatamente alterado quando toca o telemóvel e é alguém que só lhe dá vontade de recusar a chamada? Porque é que recorrentemente só lhe aparecem situações e pessoas implicativas, rabugentas ou até mesmo violentas? Porque é que só atrai gente invejosa? Porque é que nas suas relações você acaba sempre vítima e abusam da sua boa vontade? Enfim, haveria uma imensidão de perguntas que podíamos acrescentar.
Nascemos para nos relacionarmos. A única forma que temos de evoluir é pela relação que estabelecemos com os outros e com o meio onde estamos. Como cada um tem a sua personalidade, o seu querer, é normal que surjam atritos, diferenças de opinião, crenças etc…no fundo formas de ver e estar na vida.
Normalmente tentamos encontrar justificações no meio que nos rodeia, meio familiar, amigos, sociedade etc. Os outros é que nos levam, perante as circunstancias, a reagir, a tolerar, a revoltar, a criticar, a julgar, a omitir, como se houvesse razões e causas para lá de nós que nos transcendem e que estão fora do nosso controle – Afinal que culpa terá você de o seu patrão ser um energúmeno, um perfeito anormal? Bem… o que é facto é que foi você que escolheu trabalhar com ele. Que culpa terá você, do seu namorado ser um ciumento em ultimo grau e que nem a deixa respirar? Ele possivelmente poderia namorar com outra mas foi você que o aceitou. Que culpa terá você de o seu pai o irritar constantemente por querer decidir a sua vida? O pai é seu, não pode troca-lo, vai passar o resto da sua vida nessa inquietação e tolerar isso?
Mais uma vez seria fácil mas fastidioso enumerar situações de atrito, afinal para que elas aconteçam basta estar vivo.
Se perante uma determinada situação você sentiu algo como; raiva, irritação, medo, inveja, angustia, ansiedade, indignação, desprezo, ódio, decepção etc. Perante estas emoções ou sentimentos, se eu lhe disser que “O Outro Não Existe” onde vai buscar a justificação para o que está a sentir? De onde vêm? Se perde a referência do outro, onde está a causa? Evidentemente em Si. Mais uma vez volto às perguntas. Porque é que aquela pessoa que você não pode nem ver, é querida por todos lá no emprego, ou porque é que há quem deteste um professor e outros o achem o máximo? Acha essas duas pessoas vão agir de forma diferenciada com todos os que conhecem? – À segunda-feira serei mau, terça-feira seria tolerante, na quarta exigente… claro que não, a diferença está só na forma como cada um os vê.
Você só reflecte só sente, aquilo que está em si. Aquilo que vê nos outros não é mais nem menos do aquilo que você É. Os outros são a melhor forma de você se conhecer, eles espelham e reflectem os sentimentos e as emoções que o condicionam ou no oposto, o impulsionam a ser que você tem de ser.
Quando atrai sentimentos ou emoções de raiva, por exemplo, é porque existe no seu inconsciente uma raiva contida que uma vez espelhada, se identifica e se manifesta. Quando se sente desprezado é porque algures no seu inconsciente você teve problemas de auto-estima. Mas da mesma forma quando alguém lhe provoca compaixão, amor, alegria, também está a fazer refletir sentimentos que estão em si, que fazem parte de si.
Temos por isso que trabalhar única e exclusivamente em nós, observarmos constantemente o que atraímos, o que estamos a sentir perante todas as situações de forma a melhorar o que nos causa desconforto e infelicidade e a potenciar o melhor que há em nós. Aos poucos verá os resultados desse trabalho interno e consciente.
Ponha-se em causa deixe de apontar o dedo aos outros a não ser que esteja em frente a um espelho.