Sofremos porque Cremos e consequentemente porque passamos a Querer!
O sofrimento é intrínseco ao ser humano, ele existe, é como se fosse uma ferramenta do Universo que faz parte da nossa condição, que nos obriga e condiciona em tudo o que fazemos e somos. Tudo é motivado pela fuga ao sofrimento e pelo medo de cair nas suas malhas. Por isso cremos e queremos coisas, queremos poder, controle, relações, empregos, objetos, etc., tudo aquilo em que Cremos que nos leva para longe do dito sofrimento, sim porque sofrer dói.

Muitas vezes aceitamos ficar num estado de sofrimento intermédio, de luta, de sacrifício, porque cremos que é temporário, que depois, que para lá desse semi-sofrimento está a libertação daquilo que realmente dói, a perda, a doença, a pobreza, a solidão, etc. Aceitamos porque faz parte do plano individual de cada um para ser bem sucedido, seja qual for o conceito de sucesso que cada um tiver.

Quando nascemos trazemos na nossa génese uma espécie de software, seja ele hereditário, de origem genética ou de vivências passadas, o que é facto é que todos trazemos um padrão repetitivo de comportamento que vimos de alguma forma impor ou reproduzir novamente. Paralelamente a isso vem também gravado o nosso propósito, o nosso mapa evolutivo, ao qual nem sempre é fácil aceder, não porque seja algo complicado mas porque está oculto, diria nas camadas mais profundas do nosso inconsciente, do nosso disco rígido. – Isto para utilizar uma linguagem simbólica bem ilustrativa. Ele vem oculto pelos padrões de repetição, comportamentais, emocionais e sociológicos que n=os vimos obrigados a aceitar.
O ambiente criado à nossa volta logo após o nascimento, leva-nos em primeiro lugar, a um processo exclusivamente de adaptação e de aceitação e posteriormente, já condicionados pela educação, pela família e por toda a envolvente sociológica, vamos impondo a nossa persona, a nossa visão de acordo com o padrão que trazemos e em que acreditamos. Essa é a raiz de todo o sofrimento.

Sofremos porque seguimos os desígnios que não são nossos, sofremos porque negamos a nossa natureza, os nossos sonhos, sofremos porque por ignorância, desvalorizamos a nossa essência, a nossa intuição, sofremos porque queremos impor-nos, sofremos porque não aceitamos o que a vida nos traz e nos mostra, sofremos porque apesar dos sinais, não aceitamos mudar e continuamos no mesmo registo a acreditar que lá à frente está o paraíso onde tudo é perfeito, onde o sofrimento, o nosso, não se mistura com o dos outros, sofremos porque estagnamos na dimensão material da vida e isso é como um enorme pano preto que oculta a descoberta da verdade, a nossa verdade, a verdade da alma.

Como não sofrer?
Não há como não sofrer, faz parte da nossa condição. De uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo, todos somos apanhados por inúmeras formas de sofrimento, pelas escolhas que fazemos, pelas crenças que veiculamos e condicionam a nossa forma de estar e ser. Somos verdadeiramente seres que aprendem apenas como base no sofrimento ou no medo que dele temos. Até o sofrimento coletivo, aquele que podemos associar a catástrofes, guerras, holocaustos etc, traz consigo razões profundas que vêm registadas no tal disco rígido individual, pois nenhum sofrimento é por acaso, nada no Universo é por acaso.

Sofrimento sem aceitação gera sempre mais e mais sofrimento. Sentimentos de revolta, de luta, de indignação perante o sucedido, funcionam apenas como catalisadores de mais dor. Só a pacificação através da aceitação e entrega pode abrir a janela que revela as verdadeiras razões que estão por detrás de todo o processo.

Na nossa condição terrena, de matéria no seu estado mais primário, mais denso, não temos como já disse, forma de evitar o sofrimento, podemos sim aceitá-lo e integra-lo conscientemente. Atrevo-me até a propor uma fórmula: o grau de consciência é inversamente proporcional ao grau de sofrimento a que podemos ser sujeitos, o que nos leva a concluir que a consciência plena, iluminada, é livre de qualquer forma de sofrimento. (Uhau!) 🙂

Sofremos no fundo por ignorância, uma ignorância inconsciente que apesar de o ser, não nos iliba de estar despertos para outra abordagem do nosso percurso de vida, de procurar constantemente entender o porquê das coisas, sair da pequenez, do materialismo, pormo-nos constantemente em causa, abrir a consciência a um propósito mais elevado. E tudo isto porquê? Simplesmente porque sim, porque existe sempre uma razão. Se nada no Universo é por acaso, acha que a sua vida é apenas um acaso?
Se já sofreu muito tem por isso muito mais razões para incetar a sua busca, e se continua a sofrer certamente é porque continua a insistir no mesmo padrão, possivelmente não é por aí. Questione-se.
Temos e devemos de ir fundo no questionamento de tudo o que se passa à nossa volta, na busca de todas as razões.

Espero, pelo meu proposito, que estas palavras lhe tragam um exelente momento de reflexão.